O texto abaixo foi escrito para o Informativo Bancario (do Sind. dos Bancarios de Brasilia). Imagens da Albânia Uma luta popular legítima está sendo sublinarmente mostrada pela grande mídia como "uma disputa entre bandoleiros da sub-raça que habita a Albânia", pequeno país dos Balcãs, cuja população foi lesada por oportunistas (apoiados pelo Governo, presidido pelo Sr. Sali Berisha) que comandaram um criminoso sistema de captação de poupança conhecido como "pirâmide", desenhado de maneira muito semelhante às conhecidas "correntes" que já foram ensaiadas em nosso País. Nenhum brasileiro gosta de ver seu país sendo achincalhado em jornais estrangeiros. Mas poucos se tocam com a manipulação e execração com que é tratada a legítima reação popular albanesa. Algumas agências de notícias exageram na manipulação e apontam o "comunismo" como o responsável pelos infortúnios daquele país, omitindo que os comunistas deixaram o poder na Albânia em 1991, quando a maior parte deles se transformou, sem nenhum pudor, em social-democratas filo-capitalistas. São escassas as referências a uma iniciativa que se espraia pelo país e que pode dar a saída para a reconstrução do poder dos trabalhadores na Albânia: a criação de Comitês Populares, que controlam mais de um terço do território nacional, onde uma parceria entre exército e o povo em armas procura dar um mínimo de ordem à caótica situação no país. E os Partidos?? Todos eles se uniram contra os comitês populares, contra a população se organizar em armas para o exercício do poder. A construção do "capitalismo albanês" foi uma fantasia mal formulada por setores de dentro e de fora da Albânia. O que está acontecendo por lá mostra a impossibilidade da implantação de um capitalismo albanês, numa tentativa de subjugar um povo que combateu heroicamente o nazi-fascismo na 2a. Guerra Mundial, derrotando e expulsando os criminosos invasores dos seus territórios. O esquema das pirâmides poderia ter implodido antes, posto que o número de novos aderentes ao falacioso esquema de "poupança" é finito, quando as novas adesões se esgotam o esquema quebra. Tal implosão só não ocorreu antes porque a remuneração dos agraciados que iam chegando ao topo da pirâmide era feita com o lastro das divisas que ingressavam no país por meio da venda de armas e petróleo para os muçulmanos bósnios. A fonte secou com os Acordos de Paz na Bósnia e o desastrado Berisha ficou nú, com o povo na rua exigindo a sua renúncia, o ressarcimento de todos os prejuízos causados aos poupadores e a constituição de um Governo de Salvação Nacional. Por fim, o capitalismo tenta vender a falsa conclusão de que o povo em armas leva qualquer país à anarquia, visto que - prega o stablishment - a população não tem capacidade de gerir seu próprio destino. O processo na Albânia tem tudo para, mais uma vez, desmentir a linha editorial dos jornalões. 19.3.97 Afonso Magalhaes